O mercado de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) vem crescendo de forma intensa, se apresentando como opção relevante para captação de recursos para o setor. Essa expansão é percebida quando se analisa os números referentes às operações realizadas entre janeiro e meados de setembro de 2014. Segundo dados da CETIP, o volume depositado em CRA, este ano, chegou à marca de R$ 644,0 milhões em 24 de setembro de 2014, crescimento de 122,0% em relação ao volume referente ao mesmo período de 2013 (R$ 289,7 milhões). Em termos de montante em estoque de CRA na CETIP a taxa de crescimento é mais alta, tendo aquele indicador saltado de R$ 450,2 milhões, em setembro de 2013, para R$ 1,13 bilhão, ao fim de setembro deste ano, o equivalente a um aumento de 151% em apenas doze meses.

Na Figura 1 abaixo pode-se constatar o ritmo de crescimento do montante em estoque de CRA na CETIP nos últimos 12 meses.

Figura 1 – Evolução do estoque de CRA na CETIP desde 2010

Também o montante emitido em CRA em 2014 apresenta forte aumento quando comparado ao mesmo período do ano passado. Até o fim de setembro deste ano já foram emitidos R$ 1,18 bilhão em títulos, montante 43,8% superior ao emitido em igual período do ano passado, quando o valor realizado havia alcançado R$ 823,30 milhões. Ao todo neste ano já foram realizadas pelo menos quatorze operações, um número 42,9% superior ao atingido no ano passado, quando apenas oito operações haviam sido realizadas em igual período. Não obstante, há a expectativa, por partes de participantes de mercado, de que até o fim deste ano mais de R$ 1,00 bilhão em CRA ainda seja emitido.

A Uqbar, em breve consulta às securitizadoras do agronegócio, investigou as perspectivas   para o futuro próximo por parte destes participantes, além de ter repassado as atividades de cada uma delas no presente ano. Atualmente, estão em operação cinco securitizadoras do agronegócio, das quais este artigo aborda três. De modo geral, as securitizadoras abrigam a percepção de que este mercado está em ampla expansão e que os CRA tendem a ganhar cada vez mais espaço na concorrida gama de instrumentos de financiamento do setor. Como é natural, esta avaliação também leva em conta a importância do agronegócio na matriz produtiva brasileira.

Com sua primeira emissão realizada há pouco mais de um ano, a Gaia Agro já somou, em 2014, o montante de R$ 790,0 milhões em títulos emitidos. Ademais, a securitizadora tem a expectativa de, no último trimestre de 2014, liquidar a emissão de aproximadamente mais R$ 1,00 bilhão em CRA. Na visão da securitizadora, o resultado é considerado excelente e de extrema importância. Logrando a emissão de todo esse pipeline, a securitizadora chegaria ao fim de 2014 com um total de aproximadamente R$ 1,80 bilhão, bem próximo do montante consolidado de CRA emitido no mercado desde o início de 2008 até o final de 2013. Dentre as operações esperadas para este ano algumas já estão em análise na CVM (R$ 810,0 milhões), sob a chancela da Instrução CVM Nº 400, enquanto outras estão já em processo de emissão, sob outros regimes. Segundo a securitizadora, o prazo de vencimento da maioria das operações se encontra entre 2015 e 2019. Para a Gaia Agro, o entendimento aprofundado da dinâmica do mercado do agronegócio é condição fundamental para a estruturação de operações de CRA consistentes.

A Eco Sec, em paralelo, realizou até aqui R$ 150,0 milhões em três operações, e espera, até o fim de 2014, emitir ainda mais uma operação no montante de R$ 70,0 milhões. As operações têm prazo de vencimento entre 2018 e 2021, todas com pagamentos realizados anualmente, em respeito ao período das safras. De maneira geral a Eco Securitizadora percebe o ano como sendo bastante construtivo. Na visão da securitizadora, desde que a CVM entendeu a importância do mercado de CRA este título passou a ter uma força muito maior, passando a contar também com uma atividade regulatória mais intensa. O interesse por esse mercado, nos últimos anos, começou a se intensificar pois, para a Eco Sec, a operação se apresenta chancelada por diversos participantes do mercado, como agentes fiduciários, custodiantes e securitizadoras, conferindo, na visão do investidor, maior credibilidade à estrutura. Os CRA começaram a despertar mais interesse em investidores, movendo o mercado para um estágio de maior amadurecimento.

A Octante Securitizadora, por sua vez, emitiu neste ano até o momento o montante de R$ 244,3 milhões, referentes a três operações. A maioria com prazo de vencimento previsto para o período compreendido entre 2015 e 2016. A securitizadora destaca que em 2014 realizou a sua primeira emissão sob o regime da Instrução CVM nº 400, voltada para o financiamento de uma empresa de fertilizantes, sendo que o total captado pela empresa por meio da operação se equivaleu a R$62,0 milhões. Ainda, na concepção da securitizadora, “o mercado de CRA anda em forte expansão, se tornando cada vez mais conhecido tanto por investidores quanto pelos tomadores de recursos. Apesar do momento atual dos preços das commodities estarem em baixa, o investidor acredita no potencial do setor do agronegócio, demandando os papeis emitidos pela Octante. A perspectiva é de aumento das ofertas de CRA nos próximos anos.”

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